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terça-feira, 5 de julho de 2011

‘Não falei que minha filha tem câncer’, diz mãe suspeita de simular doença


Polícia investiga se ela inventou doença para obter dinheiro de doações.
Médicos de hospital em Sorocaba não encontraram problemas em exame.
A mãe de uma menina de 4 anos é suspeita de inventar que a criança tinha câncer para sensibilizar as pessoas e obter dinheiro. Evangélicos conseguiram doações e arrumaram uma consulta no Hospital do Câncer Infantil em Sorocaba, no interior de São Paulo. Os médicos concluíram que a menina não estava doente. A mãe Edilaine Drides nega a acusação. “Não falei que minha filha está com câncer, disse que ela ia passar no médico e fazer exames”, justifica.

Roupas, alimentos e brinquedos, além de quase R$ 500 seriam doados à criança. Missionárias da igreja começaram a desconfiar da história depois que uma delas viu o que teria embaixo dos curativos na cabeça, no tórax e na barriga da menina.

De acordo com as missionárias, a mãe contou que a filha fazia tratamento no Gpaci, o Hospital do Câncer Infantil de Sorocaba, mas uma pesquisa nos prontuários da instituição mostrou que a menina nunca tinha sido atendida no local. Desconfiadas, as integrantes da igreja resolveram marcar uma consulta no hospital para examinar a criança. Lá, veio a confirmação dos médicos que a menina não tinha câncer.
“Ela tinha alguns curativos no abdômen, no tórax e um curativo que parecia não ter sido feito por um profissional da saúde. Quando nós retiramos, não vimos nenhuma cicatriz e o exame não mostrava nenhuma sugestão, nada que fosse câncer. Os curativos também tinham alguns tubinhos, que pareciam de carga de caneta, que pode ser simulando drenos. Isso foi, então, comunicado ao Conselho Tutelar”, disse Gustavo Neves, chefe do setor de oncologia do Gpaci.

Edilaine desmentiu as acusações e disse que ainda não estava comprovado que a filha tinha câncer, mas havia uma suspeita. A mãe da criança afirmou também que nunca pediu doações nem dinheiro. “A minha filha já passou por cirurgia. Elas estão falando que eu falei que elas têm câncer, que eu nunca tinha mostrado exame nenhum para elas. Quando elas vieram aqui em casa, não falei que minha filha está com câncer, disse que ela ia passar no médico e fazer exames”, contou Edilaine.

Os médicos que examinaram a menina chamaram a polícia e o Conselhor Tutelar. Um boletim de ocorrência foi aberto com base no Estatuto da Criança e do Adolescente e a mãe pode responder por vexame à criança e tortura. A menina e a irmã dela, de 2 anos, foram levadas para um abrigo. A mãe pode perder a guarda das crianças.

De acordo com Jaqueline Coutinho, delegada que acompanhou o exame de corpo de delito no Instituto Médico-Legal (IML) de Sorocaba, várias lesões foram constatadas. A menina prestou um depoimento durante a tarde desta segunda-feira (4) e teria contado detalhes das agressões.

“Ela realmente afirma que a mãe fazia os curativos e provocou as lesões com faca. A gente observa que já foram cicatrizadas, não são lesões pequenas, uma tem 7,5 centímetros de extensão. Lesões que, para uma pessoa leiga, seriam sugestivas de uma cirurgia prévia na região abdominal”, disse a delegada.

G1

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