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sábado, 14 de abril de 2012

'Pena que decisão não veio antes', diz mãe que deu à luz anencéfalo em MT

Bebê morreu na tarde desta quarta-feira (11) em hospital de Cuiabá.
Família buscou na Justiça liberação da interrupção da gravidez.

Mãe de bebê que morreu diz estar chocada com a situação (Foto: Kelly Martins/G1)
Mãe de bebê que morreu diz estar chocada com a
situação (Foto: Kelly Martins/G1)

Recebeu alta médica nesta sexta-feira (13) a mãe do bebê que nasceu com anencefalia (sem cérebro) e morreu um minuto depois, na tarde de quarta-feira (11) em um hospital particular de Cuiabá. Brendha Evellyn Soares de Souza, de 19 anos, teve um parto prematuro e complicações durante a cirurgia. Apesar de deixar o hospital, o quadro de saúde da jovem ainda requer cuidados.

Em entrevista ao G1, Brendha Evellyn declarou estar arrasada com a morte do bebê e alega que tudo poderia ser evitado. “Desde o momento em que soube que minha gestação não era normal e que poderia gerar um bebê anencéfalo, fui a vários especialistas e nenhum deles recomendou que eu continuasse com a gravidez. Eu não precisava passar por tudo isso”, frisou.

Brendha contou que descobriu os problemas que iria enfrentar, logo no primeiro trimestre de gestação, quando sofreu uma hemorragia e teve que ser levada para o hospital. Desde então, segundo ela, os médicos não recomendaram que ela continuasse com a gravidez. Vários laudos e exames de ultrassonografia foram realizados atestando a necessidade da interrupção da gravidez

A jovem explica que por conta disso ingressou com uma ação na Comarca de Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá, pela liberação da interrupção da gravidez. No entanto, o pedido foi negado. “Tudo foi muito difícil porque ainda tínhamos a esperança de que a Justiça poderia conceder a autorização do aborto. Mas isso não ocorreu e agora os problemas maiores são no emocional e psicológico”, avalia.

Por outro lado, Brendha comemora a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que por oito votos a dois, os ministros decidiram que grávidas de fetos anencéfalos poderão optar por interromper a gestação sem cometer um crime. Até agora, o Código Penal brasileiro previa a possibilidade de aborto apenas no caso de risco à saúde da mãe ou gravidez que resultou de estupro.

“Pena que a decisão não veio antes. Porém, nenhuma família vai mais precisar sofrer tudo o que eu sofri. Porque o mais difícil é gerar uma criança sabendo que no final ela vai morrer”, pontuou.

Brendha contou também que já tem uma filha de três anos de idade e que a gravidez da segunda filha foi planejada. Agora, entretanto, a jovem diz que não pensa em ter outro filho. “Não consigo imaginar isso neste momento. Peço a Deus que plante esse desejo novamente em meu coração mas, por enquanto, não penso em filhos”, finalizou.

G1

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