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segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Escola da BA com pior desempenho no Enem não tem biblioteca


Instituição é responsável por educação de muitos trabalhadores rurais.
Diretor aponta problemas estruturais.

Escola Estadual Professora Irene dos Santos, que fica no município de Casa Nova, no norte da Bahia, foi a instituição de ensino do estado que obteve o pior desempenho na avaliação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) realizado em 2010. A média alcançada ficou em 455,77.

O Ministério da Educação mudou o critério de divulgação das notas por escola do Enem. Foram criadas quatro categorias de acordo com a porcentagem de participação no Enem 2010:

Grupo 1: de 75% a 100% (17,8% das escolas)
Grupo 2: de 50% a 74,9% (20,9% das escolas)
Grupo 3: de 25% a 49,9% (33% das escolas)
Grupo 4: de 2% a 24,9% (27,4% das escolas)
De acordo com a nota técnica divulgada pelo MEC, não se deve misturar as categorias para comparação de desempenho entre as escolas. As escolas que tiveram menos de 2% de participação não foram consideradas. De acordo com o MEC, a média de participação dos estudantes no Enem 2010 foi de 56,4%.

Segundo Elton Silva de Oliveira, diretor da escola Professora Irene dos Santos, a unidade atende cerca de 530 alunos. A sede fica em Casa Nova e há outros dois postos de ensino, localizados nos distritos de Luiz Viana e em Lagoa do Alegre, distantes 90 km e 100 km de Casa Nova, respectivamente.

Os alunos são na maioria jovens e adultos que trabalham no campo, aponta o diretor que ocupa o cargo desde o segundo semestre de 2009. Para ele, a estrutura da escola dificulta o envolvimento dos alunos. A instituição tem um laboratório de informática, mas não dispõe de itens importantes como biblioteca, área de lazer, sala de professores e tem apenas cinco salas, que são usadas nos dois turnos.

“Este ano, tivemos demanda para abrir mais duas turmas pela tarde, mas não tinha espaço. Já solicitamos ampliação da escola algumas vezes. Precisei de cadeiras esse ano e mandei consertar porque não recebemos novas”, completa. No ensino médio, são cerca de 200 estudantes nos turnos vespertino e noturno.

O diretor explica que anualmente é feito um plano de ação para melhorar o desempenho dos alunos. “Em 2009, criamos um grupo de leitura, feira de ciências e de cultura para que os alunos aprendam e se interessem mais”, conta.

Sobre a equipe que atua na escola, o diretor diz que dispõe de 15 professores, que atuam nas três unidades da instituição. A maioria dos alunos mora na zona rural, tem idade entre 15 e 20 anos e trabalha no campo. Os que moram em alguns distritos da região viajam até 90 km todos os dias para poder estudar. O transporte é de graça, cedido pela prefeitura de Casa Nova em parceria com o Governo do Estado.

“Eles querem concluir o ensino médio apenas. A maioria não tem uma perspectiva de fazer nível superior, são pessoas que trabalham no campo ou que têm família. A gente está tentando mudar essa perspectiva, mostrando a importância do ensino superior”, observa Oliveira.

A regularidade das aulas na instituição, informa o diretor, é normal e a frequência é boa. Oliveira explica que em épocas de Enem e vestibular, os professores focam mais nos assuntos solicitados nas provas. “Nós temos um público que gosta de estudar. No caso do Enem, há alunos que não se sentem preparados, mas os professores sempre focam mais nos assuntos para ambientar os estudantes. O Enem é uma forma de avaliar o desempenho deles e de egresso na universidade”, opina.

O diretor sinaliza que a maior dificuldade dos alunos não é em resolver questões e sim em interpretar os textos. “Eles [os alunos] não têm muita dificuldade em escrever, em ler, mas sim em entender, interpretar as questões. O Enem não é uma prova difícil, mas é longa, demorada, é preciso atenção”, conclui.

G1

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